
O livro TDAH em Adultos: Prosperando como Mulher com Hiperatividade & Déficit de Atenção, de Estelle Rose, não traz grandes descobertas clínicas nem aprofundamento técnico. Mas isso não é um problema — desde que se entenda qual é a sua função.
Este é um livro voltado para mulheres adultas que estão começando a explorar o TDAH em si mesmas — especialmente aquelas que foram diagnosticadas tardiamente ou que vivem com a suspeita sem muita clareza. A linguagem é leve, o tom é acolhedor e, acima de tudo, o conteúdo é estruturado para gerar identificação emocional com sintomas, desafios e sentimentos comuns.
Alguns dos temas centrais abordados:
- A desregulação emocional como parte silenciosa do TDAH
- A relação entre hormônios, ciclo menstrual e sintomas cognitivos
- Os desafios reais de manter a casa, o trabalho e os relacionamentos em ordem
- O impacto do TDAH na vida social, amorosa e sexual
- Estratégias práticas e acessíveis para começar a organizar a vida com mais leveza
Questões sensoriais: um tema real e pouco comentado
O livro também aborda um tema muitas vezes esquecido: a sobrecarga sensorial. No capítulo sobre emoções, a autora menciona que sons, luzes, cheiros ou ambientes visuais desorganizados podem atuar como gatilhos emocionais para quem tem TDAH. Reconhecer e ajustar esses estímulos é descrito como uma forma legítima de autocuidado.
Para muitas mulheres, essa percepção é reveladora. Por exemplo, a hipersensibilidade à luz solar — como incômodo intenso, dificuldade de concentração ou dor de cabeça em ambientes que parecem “normais” para os outros — pode fazer parte da experiência sensorial alterada do TDAH. O mesmo vale para ruídos baixos, texturas de roupas ou estímulos visuais em excesso.
Perceber que isso não é exagero, mas sim um traço comum de cérebros neurodivergentes, pode ser libertador.

Não é um livro profundo. Mas é um ótimo ponto de partida.
É o tipo de leitura que valida a experiência interna da mulher neurodivergente e ajuda a nomear aquilo que muitas vezes parece “preguiça”, “fragilidade” ou “desorganização crônica” — mas que, na verdade, tem nome, estrutura e causas compreensíveis.
Pode não responder tudo, mas abre portas. E às vezes, é exatamente isso que alguém precisa para começar.
Para quem quer ir além
Se você já leu este livro e sentiu vontade de aprofundar seu entendimento sobre o TDAH, aqui vão algumas possibilidades:
Terapias específicas:
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), coaching para TDAH e intervenções focadas em regulação emocional costumam ser muito úteis.
Leituras complementares:
Autores como Russell Barkley, Ari Tuckman e Kathleen Nadeau trazem bases clínicas e neuropsicológicas mais sólidas.
Estratégias práticas avançadas:
Técnicas como time blocking, métodos de organização visual e monitoramento de hábitos são úteis quando o básico já está em prática.
Exploração de comorbidades:
O TDAH raramente vem sozinho. Ansiedade, disfunções hormonais e questões sensoriais merecem atenção individualizada.
Um convite gentil
Se você se reconheceu em alguma parte desta descrição, talvez este livro seja um bom ponto de partida. E, mais importante ainda, talvez seja o início de um caminho mais gentil com você mesma.
Este artigo é dedicado a mulheres adultas com TDAH — diagnosticadas ou apenas desconfiadas.
Aqui, você encontra acolhimento, informação com base científica e estratégias práticas para viver com mais leveza e clareza.